DOMINGO FUI À IGREJA A PÉ; E VALEU A PENA
“Alegrei-me quando me disseram, vamos à casa do Senhor” Sl 122.1
“Vai oiando coisa a grané, coisas qui, pra mode vê, o cristão tem que andá a pé”
Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira
Fazia anos que não ia à igreja a pé, mas nesse fim de semana, estava em Recife, na casa dos meus pais e resolvi ir à igreja do meu amigo Martorelli Dantas. Ela fica na mesma calçada do prédio onde moram meus pais, há apenas uns 100m. Fui com Rosélia, de mãos dadas, caminhando, conversando bobagem...
Chegamos, sentamos, fomos cumprimentados e ficamos aguardando o início do culto. Quando meu amigo chegou, nos cumprimentou alegre e também a cada um que estava no recinto. Tudo bem familiar.
O culto começou com uma música, em seguida o pastor, sentado num banco no altar, deu as boas vindas a todos, enfatizando que o culto ao Senhor precisa ser verdadeiro. Oramos, cantamos e ele me convidou para ler um Salmo, o 138. Achei tudo aquilo uma pintura, uma obra de arte. A mistura de liturgia, símbolos, ícones e informalidade, que eu ainda não tinha visto na prática, deram ao momento certa mágica, no bom sentido da palavra. Umas 30 pessoas, no máximo, música suave, com teclado e voz; as transparências bem postas na parede, as pessoas vestidas de forma simples e a serenidade contagiava o ambiente limpo, climatizado e esteticamente projetado. A organização criou um ambiente aconchegante como um ninho.
O pastor pregou sentado numa banco de madeira, com o assento revestido de cordas. De forma espontânea, mas profunda e didática, falou sobre em Êxodo 32 sobre UM CAMINHO DE SAÍDA. Reflexão contextualizada, fazendo pontes entre o pensamento de Moisés, Jesus, Castro Alves e Geraldo Vandré. Em seguida cantamos, houve contribuição (Eu e Rosélia não contribuímos porque não levamos carteira nem bolsa, fomos a pé, lembra?). Motivos de oração foram lidos e houve um momento muito significativo de súplicas. Depois celebramos a Eucaristia (Ceia) juntos, ouvimos o testemunho da irmã Ana Paula, que estava aniversariando naquele dia. Ela falou como o Senhor se revelou num momento difícil de sua vida. No final, Martorelli me convidou à frente para falar sobre o ministério com famílias junto à Sepal, informando a possibilidade de voltarmos em outro momento para falar aos casais. Chamei Rosélia e falamos um pouco sobre o que temos feito nos últimos 4 anos. Mas não resisti em dizer que aquele culto me trouxe muita paz. Nele houve silêncio, espera e abraços pessoais, singulares, diferente das três coisas que o Richard Foster diz que o inimigo usa nos nossos dias para distrair a atenção das pessoas: barulho pressa e multidões. De repente fomos presenteados com a canção “Eu sei que vou te amar”, de Tom Jobim, solfejada num saxofone pelo esposo de Ana Paula que tocou pra ela como belo presente de aniversário. Finalizando Martorelli pediu que continuássemos no altar e que a igreja erguesse as mãos e cantasse nos abençoando. Fiquei emocionado.
Depois dos parabéns e o bolo pelo aniversário da Ana Paula, conhecemos as instalações da igreja e voltamos pra casa a pé. No caminho duas irmãs da igreja passaram de carro e nos ofereceram carona. Foi aí que a ficha caiu: estávamos voltando da igreja andando, olhando no caminho “coisa à grané”, como diz Luiz Gonzaga.
Há quantos anos não fazíamos isso? Nesse momento lembramos a igreja de nossa infância e juventude em Fortaleza, quando íamos e voltávamos a pé, pois a igreja era perto. Meu pai tinha carro, mas íamos a pé... era tão bom...
Quando será que irei outra vez para a igreja a pé?
Espero em breve!!!
Escrito pelo Pr. Marcos Quaresma, missionário da Sepal no Nordeste.