quinta-feira, janeiro 04, 2007

Uma Oração de Saudade e Pedido de Força [*]

Jesus nos ensinou que é melhor a casa de luto do que a casa de festa, pois na casa de luto se discerne os corações dos homens. Hoje os nossos corações são saudade e melancolia. A partida não de um ente querido, mas do mais querido de todos os entes é pura consternação, por esta razão importa buscar a Tua graça consoladora, oh amantíssimo Deus. Clamamos que derrames sobre nós do teu Espírito Santo para que possamos não apenas suportar a dor desta separação, mas também para fortalecer dentro de nós a convicção de sua temporalidade, e de que em breve a poderosa mão da Providência nos reaproximará em um venturoso encontro de alegria e paz.

Agora, quando celebramos a memória de nossa mãe, quando elevamos a Ti nossas orações e preces em seu favor e em louvor por sua indelével memória, pedimos mais por nós do que por ela. Isto porque sabemos que agora ela é toda consolação e conforto, enquanto nós jazemos na Terra sem o lugar em que nos sentíamos mais aconchegados e protegidos, o seu colo de amor. Viver é como navegar, é preciso, contudo, que nunca nos esqueçamos das lições aprendidas, dos exemplos vistos, da caridade revelada em gestos de entrega e compromisso. Que esta nossa tristeza seja ungida com as gotas do óleo da esperança e que em nossa pequenez e fraqueza se manifestem mais amplamente o Teu poder e fidelidade.

O evangelista João nos conta que quando o Salvador viu o cenário de dor que cercava o túmulo de seu amigo Lázaro não pode conter as lágrimas e chorou. Pranteou não pelo que havia partido, mas por todos aqueles que estavam em seu entorno e que não compreendiam a dinâmica da morte e da vida. Chorou por Marta e Maria, por seus parentes e afins, que se sentiam desguarnecidos pelo afastamento do de cujos. Chorai também por nós neste dia, oh Senhor! E ensina-nos as lições da paciência e da fé para que aguardemos a tua chegada e a concretização de Tuas inolvidáveis promessas. Saber nunca deu conta do viver, por isso faze-nos crer e aguardar em tranqüila expectativa a ocorrência de nosso eterno e amoroso abraço. Senhor tem piedade de nós! Amém!

[*] Escrito para meu amigo Fernando Viana por ocasião da Missa de Sétimo Dia de sua querida mãe.

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