Quando você pensa no Natal que imagens vêm à sua mente? Papai Noel, rena, trenó, árvore, neve, lâmpadas multicoloridas? Claro que não! Você é um cristão consciente e no final de ano você pensa no presépio, na estrela de Belém, nos magos, nos pastores que estavam no campo e foram convidados pelos anjos para conhecerem o “recém nascido reio dos judeus”. Mas será que Natal é isso mesmo?
Creio que as imagens tradicionais não fazem justiça à grandiosa mensagem do Natal. Tudo quando nos dizem os Evangelhos é verdadeiro e constroem o cenário em que se deu o mistério da encarnação, mas o que vem a ser isso? A encarnação é a essência do Natal. É o inexplicável fato de que Deus amou tão intensamente a sua criação que para resgatá-la, fez-se homem e veio habitar conosco, tomou sobre si as nossas dores, limitações, angústias. Tudo quanto é típico da humanidade se tornou parte de sua natureza.
A grande maioria das religiões orientais falam de um caminho para que o homem se aproxime de Deus, elevando “a coroa da criação” aos píncaros dos montes eternos, quem sabe através das orações, meditações, atos de misericórdia ou contemplação. Mas o Novo Testamento nos trouxe uma direção diferente, Deus é quem desce à condição humana para mostrar-lhe como é possível existir na presença do Senhor e em comunhão com o semelhante sendo homem. Tudo quanto Jesus disse e fez em seu ministério terreno foi para nos revelar como pode ser sublime viver em comunidade. Deus é comunidade e habita na comunidade dos santos que invocam o seu nome.
Jesus veio ao mundo para anunciar a sublime verdade de que o Pai não preserva para sempre a sua ira, que o amor pode mais do que o ódio, que o pecado não é maior que a graça e que Criador e criatura podem ser um só. Gosto de pensar como um dia me sugeriu o pregador presbiteriano Tim Keller, que Jesus contou a parábola do Filho Pródigo, na qual há um “irmão mais velho”, que fica irritado com o seu pai porque este recebe de volta com festa o filho mais moço que havia saído de casa e desperdiçado levianamente todos os seus bens, para nos fazer saber que ele, Cristo, é um outro tipo de “irmão mais velho”, um que vai à procura de seu irmão, que o busca nos guetos e vielas até encontrá-lo e quando o encontra, o abraça, cuida dele e lhe diz: “vamos voltar pra casa, Papai não com raiva de você, ele vai lhe perdoar e receber”. Assim fazendo a parábola se transforma em um contraste entre o próprio Jesus e os religiosos de seus dias, que eram os ouvintes originais da estória.
A mensagem do Natal é o anseio divino pela reconciliação do homem consigo. Toda revelação evangélica é uma “outra parábola do Filho Pródigo”, na qual o reencontro acontece em face de uma busca, em que o Pai não fica na expectativa do regresso do filho, mas toma a iniciativa de envia seu Primogênito para empreender a maior busca que a História já conheceu para resgatar não um, mas todos os filhos que se desgarraram do Pai e que vivem distantes de sua casa. O desejo eterno de Deus é o abraço e a festa, que um dia o Rev. Alexandre Ximenes chamou de o “baile dos arrependidos”, em que qualquer um pode entrar, desde que tenha consciência de que não merece nada do que está ali acontecendo e que tudo é por graça e amor do Pai.
Quero pedir ao Senhor que você tenha de fato um Feliz Natal, mas o que seria mesmo isso, um feliz Natal? Melhor que ter um fim de semana feliz é descobrir neste final de semana o caminho para ser feliz, e este caminho é crer no Natal. Crer nele como a revelação de que Deus se interessa pro nós, que as nossas vidas e dramas não passam desapercebidos do Pai, antes, foi justamente para que nós fôssemos felizes que Ele suportou o supremo sacrifício, fez vir “o seu Filho unigênito para que todo aquele que nEle crer, não pereça, mas tenha vida eterna” (Jo. 3:16). Jesus continua a nossa procura para entregar o mais belo e antigo dos cartões de Natal, nele está escrito: “Filho, eu sempre te amei, nada do que você tenha feito, dito ou pensado pode mudar isso, quero que vivamos sempre em perfeita harmonia e comunhão. Você pode contar sempre comigo. Assinado: Painho”.
Deus te faça feliz,
Martorelli Dantas
martorelli@reconciliação.org
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