terça-feira, janeiro 09, 2007

Vivendo Acima da Mediocridade

Estamos vivendo os primeiros dias de 2007, isto por si só é um fato extraordinário. Deus nos deu não apenas um novo dia, mas um ano novo para vivermos. De algum modo chegamos até aqui. Quando era criança costumava pensar em como seriam o mundo e a minha vida no longínquo e mítico ano 2000. Este ano chegou e a vida neste tempo é de fato extraordinária. Só nos filmes de ficção científica poderíamos pensar em coisas como telefone celular, computadores, cirurgias realizadas por videolaparoscopia, ou seja, sem que haja necessidade de produzir uma grande incisão no corpo do paciente. E o que falar do avanço das cirurgias estéticas, que permitem que as pessoas, que tenham recursos para custeá-las, possam ter praticamente a aparência que quiserem ter?
Dos dias de minha infância até hoje, muita coisa mudou. Lula, o líder sindical da CUT, é presidente da república e o PT, o partido dos estudantes revolucionários, está no poder. Somente nos sonhos mais alucinados alguém que viveu o início da década de 80 poderia imaginar isso. Mas, paradoxalmente, muitas realidades continuam as mesmas. Os seres humanos continuam agredindo o meio-ambiente; ainda mentem para encobrir seus erros e fraquezas; suas relações interpessoais ainda são marcadas pelo egoísmo e pela superficialidade e continuam levando vidas medíocres. Se me perguntassem qual a maior enfermidade que destrói a nossa geração, eu não diria que é o câncer, a AIDS ou enfermidades ligadas ao sistema cardiovascular. Creio que o maior mal é a assunção da mediocridade com algo normal e perfeitamente aceitável. Onde está o desejo de fazer de nossas vidas algo realmente maravilhoso? Onde está “a renúncia à poesia não vivida”?
A mediocridade é um fenômeno tão poderoso que é mesmo difícil discernir o quanto as nossas vidas foram dominadas por ela. Esta é a razão porque lhes proponho um esforço de diagnóstico para que busquemos uma compreensão de sua presença na vida que estamos levando. Em primeiro lugar, vamos ver se passamos a maior parte do tempo vivendo ou fantasiando. Se estamos tentando fugir de nossa realidade através de ilusões auto-produzidas, auto-induzidas, ou se de fato estamos tão interessados no que temos experimentado no dia-a-dia que não temos interesse nisso. É impressionante como as vidas se tornaram desinteressantes e as pessoas partiram para os diferentes tipos de virtualidade. E o que há de sedutor nestas vidas de mentira? A possibilidade de não ser você mesmo, e isto é tudo que muitas pessoas desejam. Não ter os filhos que têm, não estar casado(a) com quem está, não passar a maior parte do dia fazendo o que faz... assim constroem uma “segunda vida” em lugar de transformar a que têm.
Um segundo passo para averiguarmos se a mediocridade se instalou ou não em nós é o nível de emoção/vibração de nossas atividades, quer sejam profissionais, amorosas ou ministeriais. Parece que a maioria das pessoas acredita de fato que o tédio é o caminho inexorável da existência humana, que mais cedo ou mais tarde a monotonia vai nos fazer sucumbir. O pior é que muitos, ansiando as emoções que não têm, caem no erro de viver uma vida dupla, de levar uma “vida escondida”, e a emoção está em não permitir que ela seja revelada. Tem coisa mais medíocre do que não ter coragem de assumir suas escolhas, que não expor suas idéias e sentimentos? Creio que temos a oportunidade de viver uma vida extraordinariamente emocionante baseada na fé, na capacidade de aceitar desafios não fundamentados meramente na racionalidade, mas na direção dada por Deus e provada pela oração e pelo jejum. Seguir o sopro do Vento de Deus.
Por fim, temos o mais nosso de todos os sintomas de mediocridade. O cinismo com que tratamos o modelo de vida proposto por Jesus. Em passagens como o Sermão da Montanha ele nos ensinou sobre como devemos lidar com os nossos inimigos, como reprimir nossos desejos pecaminosos e como ordenar as nossas prioridades de tal modo que os valores do Reino de Deus sejam o maior de todos os tesouros em nossas vidas. Contudo, a quase totalidade dos cristãos que eu conheço (inclusive eu) faz questão de ignorar tudo isso e se pautam por padrões de conduta que vigoram na sociedade ao redor de nós. Continuamos chamando Jesus de Senhor e Mestre, mas seguimos os passos dos seres “bem-sucedidos” que nos impressionam mais pelo que têm do que pelo que são.
Este ano é a nossa oportunidade para deixarmos de ser medíocres. Vamos ver se começa por mim.
Com carinho,

Martorelli Dantas
martorelli@reconciliacao.org

2 comentários:

Anônimo disse...

Fugir, trair, disfarçar, mentir. Dizem que os humanos são assim, que não têm como mudar. A mediocridade é sempre aceita como algo bem normal... Dois mil anos e os mesmos erros... Se tudo isso é mesmo normal; normal era tudo que não deveríamos querer ser.

*Achei muito engraçada essa foto do Steven Seagal! O papel é complexo demais para ele... acho que o senhor deveria ter contratado o Al Pacino pra estrelar esse filme.

Um abraço,adoro seu blog.
Thaís.

Um Canto Qualquer disse...
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