quinta-feira, janeiro 24, 2008

Como ser feliz!

Se alguém me pedisse para dizer qual o maior e mais grave problema do ser humano de nossos dias, eu responderia sem pestanejar: a vontade de ser feliz, sem saber como. Mas não é direito de todas as pessoas ser feliz, por que isso é um problema? Em primeiro lugar, porque as pessoas querem ser felizes, mas nem sabem direito o que é ser feliz. Confundem felicidade com prazer ou com a ausência de dores, imaginam que felicidade é ter uma vida abastada e “igualzinha” a de fulana ou cicrano da televisão ou ter um apartamento com vista pro mar e um carro top de linha na garagem. Tudo isso é bom e desejável, mas nada disso é felicidade. É por pensar que estas coisas podem fazer materializar em nossas vidas o ideal de plenitude de vida que os homens e mulheres de nossos dias vivem continuamente a dinâmica da FRUSTRAÇÃO.

Estão frustrados porque não conseguem o que querem ou porque conseguiram, mas a felicidade sonhada não estava lá. Quem sabe se tivermos o dobro do que temos agora... pensam eles, sem saber que nesta busca desenfreada pelo ter a única garantia que encontrarão é o dobro de decepção, uma vez que felicidade não se compra, não se vende, não se dá nem se empresta. Para ser de fato feliz é preciso tão somente SER. Não faz muito tempo um aluno meu da faculdade de administração me encontrou e todo contente me disse: “Martorelli, muito obrigado, sempre quis lhe agradecer, mas nunca tinha tido a oportunidade”. Eu perguntei: agradecer pelo quê? Ele me respondeu: “É que quando você me ensinava ética profissional você disse uma frase em sala de aula que mudou a minha vida”. Eu fiquei curioso e perguntei que frase havia sido esta. Para minha surpresa a frase era uma imensa obviedade, mas que foi ouvida por ele no momento em que ele precisava ouvir. Segundo ele eu disse em uma de minhas aulas: “Se você quer mesmo ser feliz SEJA. Pare de ficar colocando condições e dando desculpas para si mesmo. Quem não sabe ser feliz agora, com o que é e com o que tem, nunca será amanhã, venha a ser o que for ou venha ter o que for”.

Bem, eu não sei se disse isso, mas se não disse deveria ter dito :-). O único caminho realmente seguro para a felicidade é não desejar ser feliz, mas sê-lo aqui e agora. Felicidade em meu conceito é a junção de gratidão e paz. Gratidão a Deus e às pessoas com quem convivemos agora e com as quais convivemos no passado, quer tenham nos feito bem quer não, pois tudo contribuiu para sermos o que somos hoje, e esta é a maior razão para sermos agradecidos, sermos hoje o que somos. Você pode protestar dizendo: Mas eu não sou nada! Ao que eu respondo: Graças a Deus que você descobriu isso, tem muita gente que ainda não se deu conta que não é nada nem tem que ser.

Quando alguém diz que não é nada revela ignorar que as coisas que é são imperceptíveis, mas valiosas. Continuamos dizendo que não somos nada, mesmo sabendo que somos filhos amados de Deus, que temos uma família que faria qualquer coisa por nós e que guardamos no coração uma fé preciosa que nos diz que Jesus é nosso Senhor e Salvador. Tudo isso é nada para a maioria das pessoas. Na esteira do que disse Sant Exupéry, não apenas o essencial é invisível aos olhos, mas é também indetectável por nossos padrões de valores. Se eu dissesse que sou advogado, professor ou pastor não estaria dizendo nada que me é essencial, pois já fui feliz sem ser isso e posso muito bem ser mais uma vez se deixar de ser estas coisas. O que me torna feliz é ser exatamente aquilo que os outros dizem ser “nada”. Louvado seja Deus pela imensa graça e misericórdia que me permite ser plenamente feliz não sendo nada!

Mas eu disse que o caminho da felicidade é a gratidão e a paz, falei sobre a primeira, mas o que vem a ser paz? Inicio afirmando que não é a ausência de perseguições, dores ou conflitos. Simplesmente não conheço um só momento de minha vida em que não tive que enfrentar tudo isso. Se estivesse esperando por um instante de ausência destas realidades em minha história pessoal só poderia agendar a minha felicidade para daqui a uns 60 anos. A paz não pode ser definida por nós como um conceito negativo, ou seja, como não estar presente em nossas vidas estas ou aquelas realidades. Paz é comunhão com a vida e com as pessoas. Parte do aceite de quem somos e converge para o respeito em relação ao que as pessoas são. Paz é integração com a vida que temos e com as circunstâncias em que nos encontramos. Nada do que vivemos e passamos foi inútil, eu é que ainda posso não ter entendido a belíssima lição que cada transe da vida encerra. Contudo, eu quero aprender.

Quando eu olho para o meu futuro, o futuro de Thiago e de Thainá, bem como o desta humilde comunidade, só posso fazê-lo à luz de quem Deus é e de como tem sido o seu trato para comigo ao longo destes “quase” 40 anos. Assim, vou sendo invadido pela certeza de que tudo terminará bem e que as coisas todas se resolverão e caminharemos de melhor para o melhor ainda. Não porque eu mereça ou porque seja capaz de qualquer coisa, mas porque “eu sei que o meu Redentor vive” e que Ele cuida de mim. Não é para lhe causar inveja ou amargura, mas gostaria de lhe dizer que, confiado na graça e na misericórdia divinas, EU SOU FELIZ. Paz e Bem!

Com carinho,

Martorelli Dantas, seu irmão
martorelli@martorelli.org

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Nossos Planos para 2008

Reconheço, amo fazer planos. Planejo tudo, meu dia, minha semana, meu ministério, minha carreira profissional, minhas férias... até a vida de meus filhos eu planejo. Não que me sinta no compromisso de cumprir milimetricamente cada item planejado, mas porque com um planejamento detalhado eu tenho a sensação de saber para onde estou indo, do que estou construindo e quais os resultados que obterei ao final de meu esforço. Eu disse: “tenho a sensação de saber”, porque é só isso mesmo que os nossos planos podem nos oferecer, sentimentos aquietantes, posto que segurança só Deus pode nos dar. Eu já vi os melhores planos falharem e coisas que nunca foram sequer imaginadas me trazerem uma indizível alegria.

O sábio Salomão já nos havia dito que “o coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor” (Prov. 16:1). Muito do prazer que eu sinto em planejar vem do fato de que eu consigo antegozar as alegrias das vitórias planejadas, ou seja, sou capaz de viver agora uma alegria que pode ser que aconteça amanhã. É o contrário de ter ansiedade, que é a capacidade de sofrer agora com um mal que pode ser que aconteça amanhã. Se soubermos lidar bem com o planejamento, fazendo dele um mapa que nos mostra por onde devemos seguir para chegar ao local que almejamos, ele pode se tornar uma ferramenta muito útil. O que não podemos esquecer é que os antigo navegadores, que utilizavam mapas e instrumentos de localização, nunca desprezaram as estrelas como forma indicativa de trajetória. Nunca poderemos nos esquecer que acima de nossos planos está o Senhor e a sua vontade, Ele é a nossa Estrela da Manhã.

Mas o que estamos planejando para a Comunidade Cristã em 2008? Antes de qualquer outra coisa, queremos ser uma comunidade de cristãos. Nosso maior propósito é continuarmos sendo uma comunidade de amor, serviço, misericórdia e união. Nada é mais importante do que nos amarmos aqui em adoração ao Deus único e verdadeiro que nos tirou das trevas para o reino do Filho do seu amor. Contudo, também queremos crescer e nos fortalecer para alcançar mais e mais pessoas com o Evangelho da Graça. O que faremos para que isso ocorra?

Vamos, com a graça de Deus, organizar em 2008 sete grupos familiares, pequenos grupos que se reúnem em uma determinada residência uma vez por semana para estudar a Bíblia segundo um roteiro estabelecido, de modo que alcancem laços mais fortes de fraternidade, de crescimento espiritual e gerem interdependência (o amor sempre produz interdependência, nos faz sorrir com os que sorriem e chorar com os que choram). Se você tem interesse em ter um grupo familiar funcionando em sua casa deve seguir os seguintes passos: 1. Converse com seu cônjuge ou seus pais para ver se há concordância nesse desejo; 2. Procure duas pessoas que estejam dispostas a assumir com você a responsabilidade por esse grupo familiar; 3. Agende uma conversa comigo, para receberem (os três ou quatro) as instruções de funcionamento do grupo familiar.

Vamos, com a graça de Deus, promover quatro conferências em hotéis da Zona Sul. Estas conferências serão encontros facilitadores, para os quais convidaremos nossos amigos e parentes e que os ajudarão a conhecer a verdade do Evangelho de um modo não litúrgico. Terão o formato de palestras, mas terão objetivo evangelístico e terapêutico. Os temas serão: 1. Ansiedade, medo e depressão; 2. Espiritualidade e vida profissional; 2. Cura para os desequilíbrios financeiros e 4. O desafio de criar filhos adolescentes hoje. As conferências acontecerão de três em três meses, de modo que ocorrerão duas no primeiro semestre e duas no segundo semestre. Convidaremos para expor estes temas pastores, psicólogos, médicos, administradores de empresas, dependendo da pertinência da formação ao tema.

Vamos, com a graça de Deus, promover dois retiros espirituais. Serão finais de semana nos quais nos dedicaremos à oração, à integração e à edificação de nossas vidas em Cristo. O primeiro retiro acontecerá no feriado do Carnaval e o segundo será agendado para o segundo semestre. Estes retiros serão prioritariamente para os membros de nossa Comunidade, mas havendo vagas outras pessoas poderão ser convidadas a participar. Serão preletores nestes retiros irmãos de nossa própria convivência.

Creio que até o final deste ano estaremos funcionando em uma sede própria (ainda que seja alugada:-), para onde convergiremos as atividades de culto, aconselhamento e ação social. Mas antes disso ocorrer, é provável que passemos algum tempo nos reunindo em um auditório mais amplo. Estamos a procura de um local para 250 pessoas com facilidade de estacionamento e na Zona Sul. Não queremos alugar uma sede neste primeiro semestre, para que tenhamos tempo de ver quantos efetivamente seremos nos próximos seis meses. Hoje temos aproximadamente 150 pessoas freqüentando as nossas reuniões, se for esta a vontade de Deus e exclusivamente para a Sua glória, seremos muito mais do que isto até o final deste ano.

E você, quais são os seus planos para este ano? Escreva para mim e compartilhe comigo, quero muito estar presente em sua vida e de sua família neste novo tempo que o Senhor Jesus nos dá. Paz e Bem!

Com carinho,

Martorelli Dantas
martorelli@martorelli.org
Ano Novo: Ciclo Sem Repetição

Deus criou todas as coisas em ciclos. Os dias, as semanas, os meses, os anos... os tempos. Os homens, os animais, as plantas, os minerais... os seres. Tudo obedece a processos que podem ser resumidos em cinco fases: nascimento, crescimento, reprodução, envelhecimento e morte. Mas a morte, imersa na ciclicidade de todas as coisas, deve ser vista apenas como a anunciação de que se nos está demandando um novo recomeço. Não há desespero, que por definição é a ausência de esperança, mas, pelo contrário, somos consolados pela certeza de que ao morrermos invadiremos uma nova e surpreendente dimensão: a eternidade – mundo desconhecido onde uma nova ordem se instala, que Jesus gostava de comparar com um baile, onde Deus e o anfitrião e para o qual todos os seres humanos são convidados.

Felizmente, o recomeço para o qual somos chamados não é como no mito grego de Sísifo, segundo o qual este foi condenado por Zeus a carregar uma pedra até o cume de um monte, mas que chegando perto de cumprir o seu serviço, a vê sempre cair e tem que recomeçar o maçante e infrutífero trabalho. O que recomeça em nós não, necessariamente, repete aquilo já vivido. Não fomos condenados à monotonia (um só tom), muito menos, à improdutividade. O que está em tudo o que Deus fez neste planeta é a declaração de que a vida quer dá vida, quer continuamente se engravidar de novas e mais ricas possibilidades. Que tudo é semente: força contida, guardada em potência que anseia por explodir em mais vida e vida maior.

A questão que pode se levantar neste instante é esta: como esperar que o ano de 2008 não seja em nossas vidas uma experiência ‘sísifica’, ou seja, de repetição inócua? Em primeiro lugar, importa que lembremos que um ciclo não é a repetição de uma experiência. Lavoisier disse que neste mundo nada se cria, tudo se transforma. Eu diria, com Paulinho Moska, que em nossas vidas nada se repete, ‘tudo se compõe e se decompõe’, e ao fazê-lo se transforma em novidade. Se há uma constante na existência é inexorabilidade do novo. Assim, deveríamos ver estes ciclos como infinitas esperais que nos levam adiante, não necessariamente para um tempo melhor ou pior, mas para um tempo novo. Contudo, queremos que seja melhor, oramos para que seja maior, desejamos que seja mais rico, doce, amável... moreno.

Em segundo lugar, vale dizer que tivemos a oportunidade de aprender. Os sofrimentos que enfrentamos, as noites que experimentamos, as provas pelas quais passamos, tudo isso nos ensinou, se imprimiu em nós, forjou em nossa consciência marcas que podem ser usadas para que cresçamos. Em sua misericórdia, Deus, que deu o envelhecimento como algo compulsório aos que sobrevivem, permitiu que o crescimento fosse opcional. Podemos escolher aprender ou não, aplicar na prática cotidiana as lições que nos foram dadas.

Aprovação significa que não é mais necessário passar por uma dada prova. Já a palavra reprovação indica que é preciso passar pela mesma prova, posto que não aprendemos o que deveríamos ter aprendido. Há pessoas que são como aquelas mulherinhas das quais nos fala São Paulo, “que estudam sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade” (II Tm. 3:7). Forçamos a barra para que os nossos filhos adolescentes saibam solucionar equações logarítmicas que serão inúteis para 99% deles no dia seguinte ao vestibular e não aprendemos ainda, por exemplo, que odiar alguém é uma forma de vingança tão eficaz como tomar um veneno na esperança de que este outro morra.

Que conselhos práticos eu poderia lhe dar para ajudá-lo a construir um ano novo melhor? 1. Não espere ter um ano novo melhor, esforce-se para ser melhor no ano novo; 2. Pergunte com seu coração ao Senhor o que queriam ensinar as lágrimas que você chorou em 2007, bem como aquelas que você viu rolar (lágrimas são sabedoria liquefeita, bebê-las e estudá-las podem nos tornar mais fortes e pacientes); 3. Perdoe as pessoas que lhe fizeram mal, ainda que seja por preguiça de carregar mágoas ou pelo fato de que é absolutamente inútil cobrar uma conta de um devedor que, mesmo querendo, não pode pagar o que lhe deve. A vingança não satisfaz o débito, apenas cria um novo devedor.

Por fim, quero desejar que estejamos mais perto em 2008. Somos uma comunidade pequena, umas poucas dezenas de pessoas que se reúnem uma ou duas vezes por semana ao redor do Evangelho, mas não precisamos ser distantes. Quero que você conte comigo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na pobreza e na riqueza. Que o meu amor por você seja posto a prova todos os dias e que a minha mais eficaz prova de amor seja seu gosto de ‘estou-aqui’, talvez em silencia, quem sabe sem respostas ou idéia do que fazer, mas aqui.

Com todo meu carinho, Paz e Bem!

Martorelli Dantas, seu irmão
martorelli@martorelli.org