Carta Aberta ao Prof. Dr. Erinaldo Ferreira
Paz e Bem!
Não sou afeito a palavras de adulação ou atos bajulatórios, que estas e este não sejam encarados assim, porque não têm tal natureza. Em verdade, sou orgulhoso e narcisista demais para tais baixesas. Escrevo-lhe porque me exigem a consciência e a amizade, a primeira forjada antes de meu ingresso na Faculdade Metropolitana, a segunda nascida depois. Dou-me ao trabalho de reduzir a termos, as impressões de minha alma na faustosa tarde de ontem (dia 25 de fevereiro de 2010), quando de sua defesa de tese perante a banca examinadora do Doutorado em Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco.
Foi Chico Buarque quem disse: “quem não a conhece não pode mais ver pra crer, quem jamais esquece não pode reconhecer”. Durante a sua defesa reconheci o que conhecia e vi o que desconhecia. Reconheci, tanto na apresentação de seu trabalho quanto nas falas de cada um dos examinadores, a virtude de seu labor disciplinado e perseverante, que logrou produzir um escrito que, após ser aprovado pela unanimidade dos votos, teve a recomendação de publicação encaminhada pela banca à editora da Universidade. Reconheci o seu “quase-defeito” de ser simples e humilde em um ambiente onde a regra é a vaidade. Notei nas palavras dos doutores que comentavam sua tese, certo constrangimento ao perceberem que estava faltaldo algo em sua obra, a saber: como um indivíduo que faz tais descobertas, com um profundo esmero técnico e metodológico, não se arroga a nada, não se ufana de coisa alguma, a ninguém ataca e a ninguém desmerece? Quedaram-se assustados diante de uma realidade que para nós, membros do corpo desta Faculdade, é tão comesinha e constante como a sombra da mangueira que, senhora, enternece nosso campus.
Contudo, o real motivo que me animou a escrever esta missiva, não foi o que eu conhecia e, por isso, pude reconhecer. Mas aquilo que eu não conhecia e felizmente estava lá para ver e crer. Refiro-me à sua palavra de gratidão dirigida ao Prof. Geraldo Ferreira, antigo Diretor Acadêmico da Faculdade Metropolitana. Disse que agradecia a ele pelo apoio e estímulo durante todo o período de pesquisa e produção da tese. Mas, meu amigo, este agradecimento era completamente desnecessário. Aquele nobre e excelente colega não estava presente, ninguém ali era de sua relação pessoal, como poderia ele ouvir ou de algum modo chegar a ele suas sinceras palavras de gratidão? O que você fez não era preciso e só por isso é grandioso! Quando se faz o que exigem as circunstâncias ou os protocolos diplomáticos, desincumbe-se de um dever. No entanto, quando se faz o que não demandam de nós, nem de nós esperam os pequenos e mesquinhos que nos circundam, é que se revela a estatura de um ser. Amigo, talvez você não saiba, mas você é grande!
Sou grato a Deus pela graça de andarmos juntos nas pedregosas sendas da vida acadêmica e por gestarmos lado a lado o sonho de uma educação mais humanizada e eficaz.
Com carinho,
Prof. Martorelli Dantas
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