terça-feira, novembro 07, 2006


1º de janeiro de 2006(b)

Eu sempre fiquei entusiasmado com a aproximação do fim do ano. Sou daqueles que tomam um pedaço de papel e anotam todas as extraordinárias mudanças que se darão em sua vida no próximo ano. É impressionante a motivação que enche o meu coração neste período, admira-me a certeza que me acomete de que tudo isso assim será. É uma espécie de sensação mágica que invade o nosso imaginário e enternece os nossos corações, fazendo-nos não apenas mais fraternos como também mais esperançosos.
Acontece que, em minha opinião, ainda falta muito pra o final do ano, e tomei a decisão de antecipar as comemorações. Quero propor a todo mundo que imagine que hoje é o dia 31 de dezembro de 2005(b) e que amanhã será “dia de ano novo de novo”. Quem disse que não podemos? Onde está escrito que não temos o direito de nos dar uma segunda chance? Na verdade, o que eu consigo entender olhando tudo quanto Deus fez é que Ele tem muito prazer em que tentemos novamente. É isto que eu concluo observando o caráter cíclico das estações e da vida. A existência não é feita de “começo, meio e fim”, mas de “começo, meio, fim e recomeço”. Não é por outra razão que a idéia de reencarnação é tão popular na humanidade e está presente em muitas das grandes religiões do mundo (budismo, hinduísmo e nos diferentes tipos de espiritismo).
Aparentemente o homem tem uma convicção interior, que não demanda de muita prova, de que esta vida não é o fim e de que ela é breve demais para ser a nossa “única chance”, daí a doutrina de que há outras vidas após esta. Eu não creio nisto, mas acredito de todo coração de que podemos viver muitas vidas nesta que agora experimentamos, ou seja, que podemos renascer várias vezes antes de morrer, de que somos capazes de nos reinventar, de nos recriar, para usar as palavras de Jesus, de nascer de novo. Creio que é isto que Deus deseja e quer operar em nós, que através de freqüentes e profundos renascimentos nos aproximemos mais dEle e de nossos irmãos, que tenhamos uma melhor qualidade de vida e que aprendamos a ser felizes.
Talvez você creia na reencarnação e pense que o que eu estou escrevendo contraria a sua fé. Sinceramente não é este o meu objetivo. Não quero discutir uma doutrina com você, principalmente esta que você só vai saber mesmo se é verdade ou é mentira depois de morrer. O que eu estou propondo é uma coisa mais simples. Ao invés de ficarmos discutindo sobre as nossas crenças, vamos aproveitar que estamos vivos e vamos viver melhor. Mas como isso é possível? Entendo que foi só isso que Jesus quis nos ensinar e a nossa mente complicada não conseguiu ainda captar. Vamos renascer à meia-noite de hoje, no romper do ano novo. Como faremos?
Em primeiro lugar, vamos vestir uma roupa adequada para o momento, pode ser aquele seu pijama mesmo, mas vista-o com a expectativa de que algo absolutamente extraordinário vai acontecer. Depois, vamos tomar algumas decisões importantes: neste ano novo vou parar de sonhar e começar a agir; vou deixar de ser uma pessoa de boas intenções e me transformar em alguém de grandes ações; vou perdoar a quem eu preciso perdoar, vou pedir perdão a quem eu preciso pedir perdão (que estas coisas não resolvidas dão um “azar” danado); vou dizer a Deus que eu confio nEle e que estou pronto para fazer a mais importante viagem de minha vida, o “Caminho da Vida Feliz”. Mochila nas costas e pés na estrada.
Muitas pessoas pensam que para começar uma fase nova em suas vidas precisam trocar de casa ou apartamento, de marido ou de esposa, deixar de morar com os pais ou com os filhos, mudar de emprego ou de ramo. Em minha opinião isto é só desculpa para não ver a realidade. O fato é que é mais fácil pensar que a culpa por não sermos felizes é dos outros ou das circunstâncias de nossas vidas. A Bíblia nos ensina que o caminho da felicidade é interior e pode ser trilhado sejam quais forem as circunstâncias, na companhia de quem quer que seja. Paulo, por exemplo, conseguiu “viver contente em toda e qualquer situação”. Qual o segredo? Esperança, gratidão, fé e ação! Quem não pode ter estas coisas? Onde elas não são possíveis?
Ah, sim! Eu ia esquecendo... depois de tomar todas estas decisões dê as mãos a alguém e ore com ele. Diga: Senhor, obrigado pelo privilégio de viver este “ano novo de novo”, ajuda-me com a tua graça a renascer em vida e de modo diferente, porque mais importante do que começar de novo é começar de modo novo.

Com carinho,

Martorelli Dantas
martorelli@reconciliacao.org

P.S.: Se não tiver ninguém com quem orar ligue ou escreva pra mim, eu vou estar acordado.

4 comentários:

Anônimo disse...

oi pastor! gostei muito do texto do seu vibe. parabéns, como sempre tudo que senhor resolvi fazer sai bem feito. estarei visitado outras vezes. beijo

Anônimo disse...

Muito bom! gostei muito do texto
Como o mundo era grande quando eu era pequeno...
Parabéns. Que DEUS continue te usando e te abençoando, grande abranço!!!
Henrique Marins

Anônimo disse...

Muito bom! gostei muito do texto
Como o mundo era grande quando eu era pequeno...
Parabéns. Que DEUS continue te usando e te abençoando, grande abranço!!!
Henrique Marins

Anônimo disse...

Caro Pr. Martorelli
Achei curiosos os trechos abaixo separados:

"Ao invés de ficarmos discutindo sobre as nossas crenças, vamos aproveitar que estamos vivos e vamos viver melhor. Mas como isso é possível? Entendo que foi só isso que Jesus quis nos ensinar e a nossa mente complicada não conseguiu ainda captar."

Essa expressão "vamos aproveitar que estamos vivos e vamos viver melhor" lembra um pouco, ainda que distante, a idéia de existencialismo sartreano. Eu falei "ainda que distante", porque naturalmente o existencialismo tem pouco a ver com o cristianismo. Mesmo assim já houve um "maluco", um padre, que desenvolveu a idéia de "existencialismo cristão". Como se vê, "não há limites para se fazer livros", ou seja, não há limites, no pensar humano, para a criatividade e a idealização.

(...)

"Em primeiro lugar, vamos vestir uma roupa adequada para o momento, pode ser aquele seu pijama mesmo, mas vista-o com a expectativa de que algo absolutamente extraordinário vai acontecer. Depois, vamos tomar algumas decisões importantes: neste ano novo vou parar de sonhar e começar a agir; vou deixar de ser uma pessoa de boas intenções e me transformar em alguém de grandes ações; vou perdoar a quem eu preciso perdoar, vou pedir perdão a quem eu preciso pedir perdão (que estas coisas não resolvidas dão um “azar” danado); vou dizer a Deus que eu confio nEle e que estou pronto para fazer a mais importante viagem de minha vida, o “Caminho da Vida Feliz”. Mochila nas costas e pés na estrada."

Outra coisa interessante é o uso da expressão "azar", mesmo que aspeada. É como se situações de falta de harmonia ou excesso de conflito com alguém "atrapalhasse" o viver feliz ou em paz. Várias tradições antigas trilharam pelo caminho da conciliação entre os homens e até do homem consigo mesmo.

(...)

"Ah, sim! Eu ia esquecendo... depois de tomar todas estas decisões dê as mãos a alguém e ore com ele. Diga: Senhor, obrigado pelo privilégio de viver este “ano novo de novo”, ajuda-me com a tua graça a renascer em vida e de modo diferente, porque mais importante do que começar de novo é começar de modo novo."

O fechamento do texto traz a tradicional oração ou prece que acompanha o homem desde que este precisou refletir e se viu obrigado a falar consigo mesmo em razão da ausência do "outro" (quero dizer de outra pessoa). Diz-se até que nós não somos nada sem o "outro". Toda a existência, o sentir-se vivo, enfim, o coexistir, está na dependência do "outro". Sem o "outro" não há regramento comportamental, sem o "outro" não há imposição de limite "para mim", sem o "outro" não há, aliás, a certeza mesma de que aqui estou. O "outro" é, ao final das contas, necessário para que "eu" tenha sido, seja e venha a ser. E, quando não há o "outro", quer por questão de isolamento geográfico ou físico (a pessoa está só efetiva e materialmente), quer por estar cercado de pessoas, o "eu" não se sinta à vontade para falar-lhes o que reamente sente e, daí, precisa "criar" um "outro", que vou chamar de imaginário ou fictício, por não achar palavra melhor agora. A prece seria uma boa forma de fazer essa "criação".

Mais uma vez, sou-lhe grato.

Grande abraço. Ismael – icelest@terra.com.br