terça-feira, novembro 07, 2006


Miopia e Astigmatismo

Creio que você já ouviu falar destas disfunções do aparelho visual. A miopia, explicada de forma excessivamente simples, é a dificuldade de ver aquilo que está longe e o astigmatismo de ver o que está perto. Estas enfermidades podem se dar por diferentes razões e diferentes graus. Há aqueles que padecem por causas congênitas e aqueles que desenvolvem de modo personalíssimo. Já ouvi dizer, inclusive, que perto dos 40 anos a maioria das pessoas tem dificuldades em enxergar nitidamente aquilo que está próximo de seus olhos, como se fosse uma dificuldade para focar o que está bem diante dos nosso olhos. É aí que nos fazem falta braços mais longos J.
As dificuldades físicas podem ser, quase sempre, facilmente resolvidas através de óculos, lentes de contato e outros artifícios médicos, mas e quando a miopia é da alma e o astigmatismo é do coração? É... a alma e o coração não apenas podem padecer destes males, como também podem chegar a cegar completamente. Também há diferentes graus de miopia e astigmatismos na sensibilidade humana. Creio, de fato, que há um equivalente existencial e espiritual para todos os sentidos humanos, bem como enfermidades próprias. Contudo, o que seriam miopia e astigmatismo na dimensão existencial?
Miopia existencial é a incapacidade (ou dificuldade) de enxergar, perceber, valorizar aquilo ou aqueles que estão longe. É o caso, por exemplo, de quem olhando para o futuro não vê qualquer saída, qualquer perspectiva de vitória, de crescimento, de solução. E isto acontece, via de regra, como reflexo da dificuldade de olhar para o passado e lembrar quantas vezes situações difíceis e aparentemente sem saídas foram vencidas. Se todos nós fôssemos capazes de manter o foco de tudo quanto Deus já fez por nós, de todas as oportunidades em que Ele nos livrou, proveu aquilo que nos era necessário, dificilmente seríamos ansiosos em relação ao futuro. Não é por outra razão que o profeta diz “quero trazer à memória aquilo que pode me dar esperança” (Lamentações de Jeremias 3:21).
É miopia também a atitude daqueles que só conseguem ver o momento presente, o instante presente, esquecendo-se que é preciso “poupara para o futuro”. A figura aqui não pretende ser econômica, mas continuamos em trilhas da existencialidade. Nada é de graça nesta vida. Quando não se paga com dinheiro, se investe tempo, energia, expectativas. Enfim, cada um precisa pagar o preço das escolhas que faz (e às vezes a vida cobra com juros). É necessário que sejamos sábios no uso das palavras e no exercício de quaisquer atividades que realizemos, lembrando que elas não ficam sem conseqüências. Elas constroem realidades e tecem destinos. O amanhã sempre nos chama para um ajuste de contas. É natural que colhamos aquilo que plantamos e não uma espécie diferente daquela que semeamos.
E o astigmatismo existencial? É a dificuldade de ver o que está perto, de dar valor àquelas pessoas que estão à nossa volta, de ver no “aqui e agora” a mão de Deus agindo em nossas vidas. Assim como no mundo físico, há mais pessoas com astigmatismo espiritual do que com miopia. É comum que o nosso cônjuge (e seus sentimentos) esteja tão perto de nós que não o vejamos. Parece contraditório, mas é exatamente isso, não vemos porque está perto demais. E os nossos filhos... vemos os seus corpos, seus quartos, seus brinquedos e até tropeçamos neles, mas será que enxergamos os seus corações? Será que conseguimos escutar a voz que fala a sua alma, se nem mesmo temos tempo para ouvir o que sai de suas bocas? Ah se você soubesse como dói estar perto e não ser visto! Como entristece e machuca estar do lado de alguém e mesmo assim perceber que este alguém, emocionalmente, está cego e não nos dá valor.
Eu conheço bem uma pessoa que sofre este problema. Ele me diz com freqüência que uma de suas maiores tristezas é o fato de que os homens, mesmo os mais sensíveis e cordatos, não o enxergam. Esta é a queixa de Deus. O problema não é que Ele seja invisível, a questão é que os olhos que nos deu para que o víssemos estão cegos (ou gravemente doentes). Ele faz gestos, nos sacode, grita por nós, mas nós não o vemos. Continuamos levando as nossas vidas como se Ele não existisse, como se não estivesse perto de nós.
O que poderíamos fazer para tratar nossas doenças? No livro de Apocalipse (3:18) Jesus nos fala de um colírio que se for aplicado sobre os nossos olhos nos torna capazes de ver tudo. Quem sabe o Senhor não nos unja hoje com este bálsamo óptico, nos estamos precisando. Vamos orar por isso.

Com carinho,

Martorelli Dantas
martorelli@reconciliacao.org

2 comentários:

Anônimo disse...

Bom podermos ao menos com óculos ler essas mensagens. Abrindo nossos corações, o Espírito Santo pode fazê-la viva em nossas vidas e aí a cura estará próxima. Difícil é que muitas vezes depois de lermos uma mensagem tão edificante como esta tudo parece ser deletado de nossas mentes e continuamos a viver no nosso mundinho sem o menor esforço para mudar. Que Deus ajude a Igreja!!!

Anônimo disse...

Não é a toa que Jesus curou muitos cegos, inclusive de nascença; e o mais importante Jesus é o mesmo ontem, hoje e o será para sempre. Ele vive, Aleluia!

Martorelli parabéns! que Deus continue derramando abundantemente de sua Graça sobre você!